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Santa Teresa d’Ávila: vida, obras, escritos e orações

Santa Teresa d’Ávila: vida, obras, escritos e orações

Filha da aventura e da oração

Romanesca, generosa, ela sonhava com a epopeia e o martírio glorioso: “Eu quero ver Deus!”, exclamava ela! Então Deus vai habitar esse coração por inteiro! Mundana carmelita, brilhante pedagoga admirada por todos em seu convento aconchegante demais, ela descobre sua mornidão e renova radicalmente sua ordem. “Só Deus basta" era o lema dos carmelos reformados que ela fundou em toda a Espanha. Seu temperamento místico a leva a viver reclusa em oração, mas seu amor de fogo a envia nas estradas do país para levar o Cristo. Junto com João da Cruz, eles inflamaram a Espanha e o mundo. Ela é a primeira mulher a se tornar Doutora da Igreja.

Biografia de Santa Teresa d’Ávila

Teresa de Ahumada nasceu em 28 de março de 1515, em Gotarrendura, Castilho. Ela cresceu em uma família nobre de judeus convertidos, onde desenvolveu sua personalidade inteligente e apaixonada. De seu meio social, ela tirou sua abertura de espírito, seu universo relacional, sua boa formação e seu gosto pela leitura. Mais tarde, ela dirá que suas leituras de infância lhe revelaram a verdade: Tudo passa, só Deus permanece. Aos sete anos, ela sonha em imitar os mártires e partiu com um de seus irmãos esperando morrer pela sua fé contra os mouros e “ver Deus no Céu”. Teresa se torna uma jovem vaidosa que gosta de agradar, após a morte de sua mãe, seu pai lhe enviou em pensão junto às Agostinhas de Nossa Senhora da Graça. Aí ela se interessou sobre a vida religiosa.

Aos 20 anos, ela entrou para o Convento da Encarnação de Ávila, com o nome de Teresa de Jesus. A adaptação à vida de carmelita é alegre e às vezes rude, Teresa coloca em perigo sua saúde e chega à beira da morte, ele teve de ir para casa junto a sua família várias vezes para descansar. Ela passou os vinte primeiros anos de sua vida religiosa sem acontecimento excepcional, fazendo continuamente esforços para dar sinceramente sua vida a Deus. Ela aprende a orar mas permanece em conflito pela divisão interior entre o desejo de se entregar a Jesus e sua tibieza.

A leitura das Confissões de Santo Agostinho foi decisiva, ela meditou sobre a humanidade de Jesus. Aos quarenta anos, ela vive o que chamamos de sua segunda conversão. Teresa se abandona a Jesus, desta vez não por esforço mas por amor. Sendo então a partir daí que ela vivenciou experiências místicas, ela encontrou-se com Jesus crucificado que tornou o seu mestre e seu amigo. Durante uma êxtase, ela vivencia a transverberação, que quer dizer que seu coração é trespassado por uma lança irradiando-a do amor de Cristo. Essas experiências excepcionais suscitam dúvidas nas outras irmãs e obrigam Teresa a fazer um trabalho de discernimento em que foi ajudada pelo franciscano Pedro de Alcântara.

Em 1562, Teresa fundou em Ávila o pequeno Convento de São José, com o desejo de voltar à regra primitiva do Carmelo. Foi o início das Carmelitas Descalças. Sob a ordem de seus conselheiros espirituais, Teresa escreveu a história de sua vida. Essa autobiografia é concluída em 1564 e se intitula O Livro da vida. Teresa busca levar a sério sua vida de carmelita e deseja compartilhar sua experiência com outros. Ela deixou Ávila para partir pelas estradas de Castilho e de Andaluzia e fundar 17 mosteiros. Ela desperta o mesmo ímpeto entre os carmelitas, sendo um dos primeiros São João da Cruz. Os dois, habitados pelo amor de Cristo, se uniram para inflamar a Espanha e o mundo. 

Em 1571, Teresa voltou ao convento de Ávila, onde ela foi nomeada Prior. São João da Cruz tornou-se o capelão. Juntos, eles compartilham suas experiências espirituais e Teresa escreveu As fundações. A partir de 1577 ela redigiu seu grande livro sobre a oração: O Castelo interiorNo fim de sua vida Teresa parte para visitar as irmãs dos conventos que ela fundou, ela escreve cartas, dá seus últimos conselhos e por fim, cansada e doente, morreu no dia 4 de outubro de 1582, em Alba de Tormes.

Teresa d’Ávila entrou para a família dos santos em 1622, canonizada pelo Papa Gregório XV e proclamada a primeira mulher Doutora da Igreja, em 1970, pelo Papa Paulo VI. Ela é celebrada no dia 15 de outubro.

(Descubra melhor outros santos e bem-aventurados no guia dos santos no Hozana)

Obras de Santa Teresa d’Ávila

A grande obra de Santa Teresa d’Ávila é a reforma do Carmelo, com a fundação de um novo ramo: as carmelitas descalças. Em paralelo ao seu amadurecimento espiritual, Teresa desenvolveu um ideal de reforma do Carmelo. Ela deseja voltar à regra original do Carmelo e favorecer o recolhimento ao exemplo do profeta Elias. Teresa fundou, em 1562, com o apoio do bispo da cidade, Dom Álvaro de Mendoza, o primeiro Carmelo reformado. Ela recebeu a aprovação do superior geral da ordem, Giovanni Battista Rossi. Ela continuou a fundar novos carmelos, 17 no total. O encontro com São João da Cruz é fundamental, pois com ele ela fundou, em 1568, em Duruelo, o primeiro convento de carmelitas descalços, caracterizado por não usarem sapatos. Em 1580, ela obteve de Roma que seus Carmelos reformados fossem erigidos em províncias autônomas, esse é o ponto de partida da Ordem Religiosa das Carmelitas Descalças.

Os escritos de Santa Teresa d’Ávila

Os escritos de Santa Teresa d’Ávila contam entre as obras primas da literatura e da espiritualidade. Mesmo ela não tendo formação universitária, soube aproveitar dos grandes teólogos e pais da Igreja: São Jerônimo, São Gregório o Grande e Santo Agostinho.

Suas principais obras são apresentadas a seguir.

O Livro da vida escrito por Teresa em 1564 em obediência aos seus pais espirituais. Ele é mais que uma autobiografia, Teresa o chama o Livro das misericórdias do Senhor. 

Em 1566, ela escreveu em intenção das doze noviças do Carmelo São José: O Caminho da perfeição, do qual chamou Advertências e conselhos que dá Teresa de Jesus a suas freiras. Ela definiu a maneira de orar e viver dos carmelitas, baseando-se nas virtudes evangélicas da oração.

A obra mística mais conhecida de Santa Teresa é o Castelo Interior, escrito em 1577. Nele Teresa faz uma releitura de seu caminho de vida espiritual e da em paralelo o desenvolvimento possível da vida cristã para a plenitude. Ela compara a interioridade do homem a um castelo de sete moradas, sob a ação do Espírito Santo, o homem avança nesse castelo a caminho da santidade.

O Livro das fundações, escrito entre 1573 e 1582 é dedicado à vida do grupo religioso nascente. Nele Teresa sublinha a ação de Deus na obra de fundação dos novos mosteiros.

Santa Teresa de Ávila escreveu também vários poemas em que temos aqui o mais conhecido trecho encontrado em seu breviário: Que nada te perturbe, nada te espante, tudo passa, Deus não muda, a paciência triunfa, aquele que tem Deus de nada falta, só Deus basta!” (Poesia 9)

A espiritualidade de santa Teresa de Ávila

A espiritualidade de santa Teresa de Ávila é rica e profunda. Ela merece ser lida nos detalhes, no entanto podemos tirar as grandes ideias mestre.

            Teresa coloca as virtudes evangélicas como base de toda a vida cristã e humana. Em especial a pobreza e o desapego são virtudes essenciais. O amor, a humildade, a esperança são também qualidades que levam a alma a Deus.  

            Teresa insiste sobre a escuta da Palavra de Deus, e a harmonia com os grandes personagens bíblicos.

            A oração é essencial, ela evolui a medida da progressão da alma e tem como fruto a união a Deus.

            Teresa sublinha a importância da relação pessoal com Jesus, baseando-a na descoberta da humanidade do Cristo. Sendo então importante meditar os episódios da vida de Jesus especialmente a Paixão. 

Orações de Santa Teresa d’Ávila

“Senhor, no silêncio deste dia nascente, eu venho lhe pedir a paz, a sabedoria e a força.

Hoje eu desejo olhar o mundo com os olhos cheios de amor, ser paciente, compreensivo e doce, ver além das aparências os teus filhos, vê-los com o teu olhar e assim apenas ver o bem de cada um deles.

Fecha meus olhos a toda calúnia, guarda minha língua de toda maldição , que somente as palavras de benção habitem meu espírito. Que eu seja tão cuidadoso e tão feliz que todos que se aproximarem de mim sintam a tua presença.

Senhor, reveste-me da tua beleza e que ao longo desse dia eu revele a ti. Amém."

Com o Hozana, deixe-se conduzir por santa Teresa d’Ávila na riqueza de sua alma

“Alma, deves te buscar em Mim, e eu, me buscar em ti”. Santa Teresa d’Ávila nos acompanha na oração de recolhimento, para aprender a entrar em nós mesmo, e ir ao encontro de Deus que habita em nós e nos espera.

Com a novena a santa Teresa de Ávila e mergulhado na oração silenciosa desta grande santa, deixe-se olhar por Deus e ser amado por Ele.

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