O plantão de 27 de maio

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Em 27 de maio, a enfermeira Taísa Land, de 37 anos, viveu uma das situações mais tristes e emocionantes de sua profissão. Na linha de frente para atender pacientes com a Covid-19, ela presenciou, em poucas horas, a despedida de uma mãe e o temor de um homem que não queria dormir para não morrer.

"Relato de um plantão que partiu meu coração". Assim, Taísa começa a contar sobre o que viveu naquele plantão.

"Paciente internada conosco há alguns dias, sempre simpática e lutando contra a Covid-19", descreve a enfermeira. A paciente era idosa, havia perdido o marido na semana anterior e não pôde se despedir. Ele havia morrido em decorrência da Covid-19.

O quadro de saúde da idosa havia piorado. "Ela estava muito cansada e, ao ser comunicada que seria intubada, pediu ao médico: não, doutor, por favor!", detalha a enfermeira. Segundo Taísa, a mulher sabia que não iria sobreviver.

A súplica da paciente para que não fosse intubada (processo em que, sob anestesia, é colocado um tubo pela boca até a traqueia do paciente, para manter uma via até o pulmão e garantir a respiração) comoveu a enfermeira. "Nesse momento, agradeci por estar de máscara e face shield (protetor facial). Assim, ninguém poderia ver as lágrimas que escorriam. Tive que sair, andar pelos corredores sem rumo, respirar e voltar", relata.

"Penso que uma das piores coisas deve ser a consciência de que em breve você poderá morrer e não poderá estar mais com quem ama. Como tenho medo disso", pontua a enfermeira, em seu relato nas redes sociais. 

Quando retornou para a enfermaria, Taísa observou que um homem, que estava internado ao lado da idosa, chorava diante do medo que a paciente demonstrava da morte.

A idosa pediu o celular para ligar para a filha e elas se falaram por meio da função viva-voz. "Do outro lado, a filha em desespero, rezando e pedindo a Deus com todas as forças pela vida da mãe", narra Taísa. A enfermeira, que é mãe de uma garota de quatro anos, se emocionou novamente.

"Pode ter sido o último encontro dessa mãe com essa filha, sem um abraço, sem o conforto de estar com quem ama", reflete a enfermeira no texto compartilhado nas redes. Depois da ligação, Taísa relata que deu a mão para a idosa e elas rezaram em silêncio. "Pedimos para ela confiar, porque faríamos o melhor", detalha. Dias depois, a idosa, que era diabética, não resistiu às complicações da Covid-19.

Ainda em 27 de maio, um paciente que estava na mesma enfermaria que a idosa também apresentou complicações graves em decorrência da Covid-19. "Estávamos ao lado dele, fazendo tudo o que podíamos para estabilizar a sua pressão", detalha a enfermeira.

Uma pergunta do paciente comoveu Taísa. "Ele, ainda consciente, perguntou: posso dormir?", conta a enfermeira. O idoso disse que estava com medo de dormir e não acordar. "Respondi: pode relaxar, estaremos aqui cuidando de você", detalha a enfermeira, no texto que escreveu em seu perfil no Facebook.

"Ele disse: eu sei que vou morrer esta noite. Realmente, ele sabia", relata a enfermeira. O idoso, que era hipertenso, morreu horas depois.

"Aquele que chorou pela paciente ao lado, fechou o olho para não ver o da frente (que estava sendo intubado). E, com certeza, estava pedindo a Deus para que não fosse o próximo", relata Taís. O paciente que acompanhou as angústias dos idosos se recuperou e, dias depois, recebeu alta.

"É inexplicável o que estamos vivendo. Jamais seremos os mesmos. Que vírus maldito!", conclui Taísa, no relato compartilhado nas redes sociais.

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