Estimar os dons que Deus nos deu

Responder ao chamado de amor ao Senhor passa por oferecer o dom de si, com nossas virtudes e fraquezas. O que Deus espera de nossa parte, é apenas nossa disponibilidade de coração a tudo que ele nos chama. É preciso ter consciência que o Senhor que nos chama, nos conhece, sabe profundamente quem somos, quais são as nossas feridas mais profundas e no que ainda precisamos avançar. Todavia esse onisciência de Deus sobre nós, não deve ser um fardo, ao contrário, deve ser entendida como fonte de um amor misericordioso, que nos ama sem limites por isso confia mais em nós do que nos mesmos.

 Recordemos que ao chamar seus discípulos, Jesus não escolheu os mais inteligentes, nem os mais santos, nem os mansos, ao contrário escolheu um pescador sem instrução, um pecador público, um ladrão e assim por diante. A eles confiou a propagação do seu reino, confiou aquele que o negou três vezes como chefe da sua igreja e quis como testemunha da sua ressurreição, uma mulher ferida pelo pecado ou rotulada como a que tinha 7 demônios, sem perder de vista que tanto Pedro, Maria Madalena foram restaurados pelo amor infinito com que o senhor depositou sobre eles.

Da mesma forma, o Senhor continua chamando a cada um de nós e confia seus dons, carismas e serviços, espera de nos apenas um sim, porque, na verdade, é Ele que tudo faz. Quando tomamos consciência que o Senhor quer nos dar muito, para o bem de nossos irmãos e de toda santa igreja, devemos pedir os Espírito santo que nos der a graça da humildade e da gratidão. É o que nos ensina São Claudio de Colombière quando aconselhava Santa Margarida Alacoque sobre suas angústias em receber os dons de Deus.

“Trouxe-me grandes consolações, assegurando-me que não havia nada que recear da ação do Espírito, pois não me afastava da obediência; que devia seguir todos os seus movimentos, entregando-te todo o meu ser, para me sacrificar e imolar segundo seu beneplácito. Admirando a bondade de Deus, que não se retraiu apesar de tantas resistências, ensinou-me a estimar os dons de Deus; a receber, com respeito e humildade”

Humildade: Quando somos humildes somos capazes de obedecer ao Espírito Santo que estar em nos, somos dóceis a seu agir e aceitamos a sua vontade. Como também a humildade nos preserva da soberba, pois nos faz ter um justo valor de nós mesmos, reconhecendo a grandeza de Deus e a nossa pequenez. Esta virtude nos livra da tentação de pensar que por algum mérito pessoal, Deus nos escolheu, quando, na verdade, o único motivo que o Senhor derrama seus carismas e seus dons é por amor de nós e para podermos também exercitarmo-nos no amor.

Gratidão: Ser grato ao Senhor pela sua bondade em nos chamar ao seu serviço, que prefere que suas graças sejam transmitidos por “vasos de barros” como nos lembra a leitura. Cor 4,7 “Mas temos esse tesouro em vasos de barro, para mostrar que este poder que a tudo excede provém de Deus.”, sim, nós temos o Espirito santo, o nosso grande tesouro é o amor do Senhor, por isso o nosso coração engradece o Deus que se rebaixa, que estar perto, que olha para nossas misérias e fraquezas e ainda sim, permanece em nós. Nós temos o grande tesouro a eucaristia, prova de um Deus que se faz alimento e se une a nos sabendo que somos moradas e indignas, não há como não rendermos gratidão ao Pai ao Filho e ao Espírito Santo que somente por amor, nos chama, nos escolhe e nos envia em missão.

Outro ponto que devemos refletir é que se Deus é tão generoso conosco e não põe limites ao seu amor por nós, nós também, devemos ser generosos em amar nossos irmãos. Muitas vezes somo tomados pela lógica do mundo, em que elege sempre  o que se destaca, nas empresas se premiam o melhor funcionário, na faculdade é contemplado quem acertou mais questões, quem ganha o troféu é o melhor atleta e acabamos por levar esse modo de julgar, para nossas comunidades, grupo de orações e pastorais. Devemos ser pacientes com os irmãos que também tem suas limitações e fraquezas, mas que conta com o amor incondicional de Deus que nos exorta: aprendei de mim que sou manso e humilde de coração.

Sugiro que nesses dias você pare e pense se tem agradecido os dons que Deus te dar, se tem consciência da sua pobreza diante de Deus e respondido ao chamado que ele faz a sua vida. De forma concreta, esteja disponível a servir, permita que o Espirito Santo derrame seus dons e carismas e deixe-se ser instrumento por amor a Deus e ao irmãos, de forma simples fazendo uma ligação e se colocando a escuta de alguém, mandando uma mensagem que anime a missão de outro irmão, ou até mesmo um post na rede social com a palavra que Espirito Santo colocou em seu coração. Deixe se inundar pela fonte de amor e misericórdia que brota do coração do Senhor:  Zc 13,1; 14,8.  Peçamos ao Espírito Santo que nos der a graça de viver inundados por esse amor que não se esgota com que viveu Santa Margarida Alacoque: “Este Divino Coração é um abismo de bem onde os pobres devem mergulhar suas necessidades; um abismo de alegria onde é preciso mergulhar nossas tristezas; um abismo de humilhação para nosso orgulho, de misericórdia pelos miseráveis, e um abismo de amor onde mergulhar todas as nossas misérias.”

Testemunho