Retiro Silêncio - Parte 3
Meditação
A Paz do Senhor caros irmãos e irmãs. Hoje em nosso retiro vamos falar sobre o combate espiritual na vivencia do silêncio. Eu costumo dizer que o silêncio é um combate espiritual. O demônio não quer que façamos silêncio e que vivamos dispersos pelas distrações. Ele sabe todo o bem que o silêncio pode fazer para a nossa alma, e é por isso que ele coloca tantas distrações em nosso dia-a-dia. Aqui poderia dar o exemplo do uso de celular, que muitos especialistas da área da psicologia, já afirmam que tem se tornado um problema patológico. O celular, se bem utilizado, e colocado em seus devidos limites, pode ser um grande bem para a vida do homem. Mas até as coisas boas se não forem bem utilizadas, podem se transformar em um mal. O celular se mal utilizado, roubará muito tempo de nós. Tempo que poderíamos utilizar para crescer em nosso relacionamento com Deus, com os outros, e tempo que poderíamos utilizar para crescer enquanto pessoa. Infelizmente o demônio tem utilizado muito deste meio para distrair os filhos de Deus e para tirá-los da interioridade.
Precisamos pedir ao Senhor que nos conceda a visão espiritual. Hoje no mundo materialista no qual vivemos, quase não se fala desta visão. Muitos que se deixam levar por esta mentalidade materialista, acham que sua morada definitiva é neste mundo, e isso não é verdade! Neste sentido, gostaria de convidar você para refletir um pouco sobre a brevidade desta vida. Para isso, leia a parábola do rico insensato que está no Evangelho de São Lucas capitulo 12,16-20:
“Havia um homem rico cujos campos produziam muito. E ele refletia consigo: Que farei? Porque não tenho onde recolher a minha colheita. Disse então ele: Farei o seguinte: derrubarei os meus celeiros e construirei maiores; neles recolherei toda a minha colheita e os meus bens. E direi à minha alma: ó minha alma, tens muitos bens em depósito para muitíssimos anos; descansa, come, bebe e regala-te. Deus, porém, lhe disse: Insensato! Nesta noite ainda exigirão de ti a tua alma. E as coisas, que ajuntaste, de quem serão?”
Depois de ler esta passagem, faça uma reflexão de como você tem vivido neste mundo. Onde está o teu coração? Naquilo que passa, que é degradável? Ou naquilo que é perene? No que você tem investido as suas forças? Na conquista de bens transitórios ou na salvação de sua alma? É preciso entender que neste mundo todos nós estamos de passagem, mas há muitos que fomentados e iludidos por esta cultura materialista, acham que vão estabelecer-se aqui para sempre. O materialista não tem fé na transcendência. Para ele, é muito mais fácil e lógico, viver a partir daquilo que ele vê ao invés de viver daquilo que ele não vê, mas contrária a esta lógica se sobrepõem as palavras de Jesus a São Tomé: “Creste, porque me viste. Felizes aqueles que creem sem ter visto!” O materialista é alguém desprovido da visão espiritual! O que seria então a visão espiritual? A visão espiritual é olhar para todas as coisas com o olhar de Deus. É olhar para todas as coisas percebendo nelas a condução da divina providência que tudo rege. É perceber as ações do bem, mas também as ações arquitetadas do mal. Costumo dizer que um homem sem visão espiritual, é como um homem que está em um campo de batalha com uma venda nos olhos, ele é um alvo fácil.
Então, enquanto mais formos treinados na vivência do silêncio, mas sensibilidade e percepção espiritual nós teremos. É por isso, repito: Que o demônio quer que vivamos no barulho e nas distrações, afim de que não tenhamos essa sensibilidade para perceber a ação de Deus, mas também a sua ação maligna em nossa vida, e na vida daqueles que estão ao nosso redor. Neste dia, gostaria de convidar você a pedir ao Senhor que lhe conceda através da vivência do silêncio, a graça da visão espiritual. Que Deus abençoe você, e que em tudo Deus seja louvado.
Oração a Nossa Senhora do Silêncio
Nossa Senhora do Silêncio e da Humildade, tu vives perdida e encontrada no mar sem fundo do Mistério do Senhor. Tu és disponibilidade e receptividade. Tu és fecundidade e plenitude. Tu és atenção e solicitude pelos irmãos. Estás revestidas de fortaleza. Resplandecem em ti a maturidade humana e a elegância espiritual. És senhora de ti mesma antes de ser Nossa Senhora.
Em ti não existe dispersão. Em um ato simples e total, tua alma, toda imóvel, está paralisada e identificada com o Senhor. Estás dentro de Deus, e Deus dentro de ti. O mistério total te envolve, penetra e possui, ocupa e entrega todo o teu ser.
Envolve-nos em teu manto, Nossa Senhora do Silêncio
Parece que em ti tudo ficou parado, tudo se identificou contigo: o tempo, o espaço, a palavra, a música, o silêncio, a mulher, Deus. Tudo ficou assumido em ti, e divinizado.
Jamais se viu figura humana de tamanha doçura, nem se voltará a ver nesta terra uma mulher tão inefavelmente evocadora.
Entretanto, teu silêncio não é ausência, mas presença. Estás abismada no Senhor e, ao mesmo tempo, atenta aos irmãos, como em Caná. A comunicação nunca é tão profunda como quando não se diz nada, e o silêncio nunca é tão eloquente como quando nada se comunica.
Faze-nos compreender que o silêncio não é desinteressante pelos irmãos, mas fonte de energia e irradiação, não é encolhimento, mas projeção. Faz-nos compreender que, para derramar, é preciso preencher-se.
Afoga-se o mundo no mar da dispersão, e não é possível amar os irmãos com um coração disperso. Faze-nos compreender que o apostolado, sem silêncio, é alienação; e que o silêncio, sem apostolado, é comodidade.
Envolve-nos em teu manto de silêncio e comunica-nos a fortaleza de tua fé, a altura de tua esperança e a profundidade de teu amor.
Fica com os que ficam e vem com os que partem. Ó Mãe Admirável do Silêncio!
Amém. Nossa Senhora do Silêncio, rogai por nós!
(Autor: Frei Ignacio Larrañaga)
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"Que as suas conversas sejam sempre agradáveis e de bom gosto, e que vocês saibam também como responder a cada pessoa". Colossenses 4:6