Retiro Silêncio - Parte 1
Meditação
A paz do Senhor irmãos e irmãs, depois de nossa introdução, vamos agora adentrar em nosso retiro. Nesta primeira parte, vamos falar do silêncio como a forma pela qual Deus fala ao coração do homem. O silêncio nos introduz em nosso interior para escutar a voz de Deus, mas para isso é necessário silenciar. Silenciar os lábios, a mente é o coração. Só através do silêncio exterior e interior é que seremos capazes de escutar a voz de Deus que fala no mais profundo de nossa intimidade. Convido você agora a ler o texto de Mateus 6,5: “Mas tu, quando orares, entra no teu quarto e, fechando a porta, ora a teu Pai que está em secreto; e teu Pai, que vê em secreto, te recompensará”. Neste texto, muito mais que falar de um ambiente físico no qual precisamos nos recolher para a oração, Jesus nos fala do coração. É no coração onde precisa acontecer por primeiro o encontro do homem com Deus. O coração é visto como o centro da vida do homem. Então quando dizemos que este encontro deve acontecer por primeiro no coração, queremos dizer que todo o homem deve se voltar para o seu Deus.
Para que este encontro de corações aconteça, não basta somente o desejo de silenciar, mas também é preciso ter algumas posturas concretas que o favoreçam. Você deve então procurar um ambiente que favoreça este silêncio. Dentro de sua realidade, procure aquele ambiente onde você conseguirá vivenciar de fato este silêncio. Encontrar lugar para a vivencia do silencio é muito importante. Nele você vai procurar silenciar todas as agitações do coração e centralizar o coração somente em Deus. Não posso deixar de dizer que os primeiros momentos não serão fáceis, pois não estamos acostumados com o silêncio. Você precisará de muita força e determinação. Se você sentir dificuldades de silenciar os pensamentos, uma boa música gregoriana ou polifônica poderá lhe ajudar. Mas atenção! Até a música gregoriana e polifônica se não for bem regulada (volume) ao invés de ajudar, poderá atrapalhar. Também é importante fazer um exercício de respiração para relaxar o corpo para a oração. Faça esse exercício respirando e expirando bem devagar durante alguns minutos. Se você se sente mais confortável para se recolher em silêncio durante a noite, então aconselho você a criar um ambiente a meia luz. Você pode utilizar uma luz localizada, de preferência luz amarela, pois ela ajuda no relaxamento da visão, ou também a luz de velas. Esse é o primeiro passo para a vivencia do silêncio.
Caros irmãos e irmãs, o silêncio nos eleva e nos abre para percepções que antes nos passavam despercebidas. Quer sejam estas percepções a nosso respeito, quer sejam a respeito do mundo que nos cerca. Só aqueles que conseguem fazer silêncio e que conseguem ser profundos, pois conseguem elevar os olhos para além das coisas banais. Conseguem perceber o extraordinário escondido no ordinário, conseguem ver sentido naquilo que aparentemente parece efêmero e sem valor. A monja beneditina Joan Chittister dizia em sua obra Para tudo há um tempo, que o silêncio é a oportunidade que precisamos para elevar nosso coração e nossa mente para algo que está acima de nós. É através do silêncio que se consegue perceber a vida espiritual no interior do homem. Esta vida interior que tem padecido com a poluição sonora, mas que precisa ser novamente restabelecida no coração do homem.
A minha proposta concreta para você no dia de hoje, é de tentar colocar em prática tudo o que foi dito aqui. Deus abençoe você e até o nosso próximo encontro. Não esqueça de rezar a oração a Nossa Senhora do Silêncio!
Oração a Nossa Senhora do Silêncio
Nossa Senhora do Silêncio e da Humildade, tu vives perdida e encontrada no mar sem fundo do Mistério do Senhor. Tu és disponibilidade e receptividade. Tu és fecundidade e plenitude. Tu és atenção e solicitude pelos irmãos. Estás revestidas de fortaleza. Resplandecem em ti a maturidade humana e a elegância espiritual. És senhora de ti mesma antes de ser Nossa Senhora.
Em ti não existe dispersão. Em um ato simples e total, tua alma, toda imóvel, está paralisada e identificada com o Senhor. Estás dentro de Deus, e Deus dentro de ti. O mistério total te envolve, penetra e possui, ocupa e entrega todo o teu ser.
Envolve-nos em teu manto, Nossa Senhora do Silêncio
Parece que em ti tudo ficou parado, tudo se identificou contigo: o tempo, o espaço, a palavra, a música, o silêncio, a mulher, Deus. Tudo ficou assumido em ti, e divinizado.
Jamais se viu figura humana de tamanha doçura, nem se voltará a ver nesta terra uma mulher tão inefavelmente evocadora.
Entretanto, teu silêncio não é ausência, mas presença. Estás abismada no Senhor e, ao mesmo tempo, atenta aos irmãos, como em Caná. A comunicação nunca é tão profunda como quando não se diz nada, e o silêncio nunca é tão eloquente como quando nada se comunica.
Faze-nos compreender que o silêncio não é desinteressante pelos irmãos, mas fonte de energia e irradiação, não é encolhimento, mas projeção. Faz-nos compreender que, para derramar, é preciso preencher-se.
Afoga-se o mundo no mar da dispersão, e não é possível amar os irmãos com um coração disperso. Faze-nos compreender que o apostolado, sem silêncio, é alienação; e que o silêncio, sem apostolado, é comodidade.
Envolve-nos em teu manto de silêncio e comunica-nos a fortaleza de tua fé, a altura de tua esperança e a profundidade de teu amor.
Fica com os que ficam e vem com os que partem. Ó Mãe Admirável do Silêncio!
Amém. Nossa Senhora do Silêncio, rogai por nós!
(Autor: Frei Ignacio Larrañaga)
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"Que as suas conversas sejam sempre agradáveis e de bom gosto, e que vocês saibam também como responder a cada pessoa". Colossenses 4:6