Estamos iniciando um tempo muito belo e profundo da nossa caminhada cristã, o Tempo da Quaresma. Momento de um toque mais profundo de Deus na nossa alma, mas para isso acontecer precisamos fazer o caminho “para dentro” de nós mesmos. Chegar ao coração, para podermos nos relacionar com Deus de forma livre, sem máscaras, sem enganar a si mesmo.

O que queremos de fato nessa quaresma?

Melhorar a nossa performance? Há muitos cristãos nesse tempo que fazem diversas coisas para alcançar algo de Deus ou ser respondido em alguma graça que precisa ser atendida, mas aonde está a finalidade disso tudo? Deus que conhece os corações, sabe exatamente a intenção de cada um nas ações penitenciais escolhidas para esse tempo litúrgico, mas lembremos que o que agrada a Deus é um coração aquebrantado, humilhado e que reconhece que sem a Sua graça nada de bom pode ser feito, contudo com a graça Dele agindo em nós, somos capazes de viver no centro de Sua vontade.

Esse é o tempo oportuno de avançarmos na nossa intimidade com Deus! Para aproveitarmos bem esse momento forte de conversão existe três pilares fundamentais para que eu e você cresçamos na espiritualidade, cresçamos no amor: A oração, o jejum e a esmola.

O que nos dizem os textos litúrgicos?

Os textos litúrgicos de hoje nos propõem um olhar mais aguçado sobra a graça do jejum. Dizer não ao que nos agrada é um caminho excelente para dizermos sim à vontade de Deus nas nossas vidas. O tempo todo nosso eu vaidoso, orgulhoso, egoísta está preocupado em nos agradar, em fazer da nossa vontade o centro de tudo, mas o caminho da conversão é o caminho da renúncia de si mesmo em todo tempo e lugar.

Ao renunciarmos a nós mesmos encontraremos o outro, em primeiro lugar o outro que é Deus, Aquele que nos ama com amor inalterável. O outro que é nosso irmão, presente de Deus e a quem eu posso, com atitudes e palavras, transbordar todo amor recebido por Deus. É através da vida do meu irmão que eu posso crescer no amor nas mais diversas formas expressas pelas obras de misericórdia.

Por fim, encontrar consigo mesmo, o outro muitas vezes desconhecido, por causa das inúmeras máscaras, medos, pecados e tantas outras coisas que nos fazem caminhar no engano. Por isso que, a partir da luz de Deus que vai iluminando na medida que o coração vai se abrindo podemos nos enxergar como Deus nos vê.